Na luta contra as micotoxinas, a pesquisa científica tem apontado alguns caminhos e continua buscando soluções.
Já sabemos que sua produção depende das condições climáticas e dos tipos de fungos existentes em cada região do mundo. Portanto, o que é problema em um país, pode não ser em outros. A partir deste fato, é possível perceber que a fiscalização desempenha um importante papel, inclusive na importação de alimentos e material para rações.
Mas, o que mais pode ser feito?
O que são micotoxinas?
São metabólitos tóxicos produzidos por algumas espécies de fungos filamentosos e que podem contaminar os alimentos destinados ao consumo. A ingestão pelo ser humano pode causar doenças graves e, até mesmo, levar à morte.
Por isso, a análise de micotoxinas é tão importante. Como elas são contaminantes naturais, o controle por parte dos produtores é muito mais difícil.
E ainda temos outro agravante: o aparecimento pode ocorrer em qualquer fase. Isso significa que o surgimento das micotoxinas pode acontecer desde o cultivo do alimento à estocagem do mesmo.
A Organização para Agricultura (FAO) das Nações Unidas estima que, por ano, 25% da produção mundial de grãos é contaminada por micotoxinas. E em 1993, o Banco Mundial publicou o relatório “Investindo em saúde”, no qual estima que 40% da redução nos anos de vida dos povos de países em desenvolvimento está associada a doenças relacionadas com micotoxinas.
Prejuízos econômicos aparecem com a redução na produção de grãos e na sua qualidade inferior motivada pelo aparecimento de micotoxinas nos grãos ainda no campo ou durante a estocagem.
Para crescerem, os fungos consomem matéria do próprio grão, reduzindo seu peso, causando murchamento, escurecimento ou mesmo apodrecimento. Prejuízos são ainda sentidos em preços aviltados quando da venda do grão.
A presença de micotoxinas em grãos acarreta também prejuízos financeiros para produtores de animais de corte. A produção animal sofre com o ganho de peso inferior ao esperado, queda na fertilidade e aumento na incidência de doenças.
Sem contar com a perda de animais em casos mais graves, ou seja, quando há ingestão de níveis elevados de toxinas.
Além dos seus efeitos tóxicos agudos, as micotoxinas causam câncer, provocam mutações em células reprodutivas e deformidades em fetos. Sabe-se, até hoje, que existem aproximadamente 200 famílias de micotoxinas.
O que fazer para evitar micotoxinas?
A contaminação de produtos destinados à alimentação pode causar sérios problemas à saúde da população. Para produtores que prezam por qualidade e segurança de alimentos, esse é um ponto crítico que precisa ser considerado.
No mundo inteiro, pesquisadores trabalham para resolver esta questão.
Para as micotoxinas produzidas no campo estão sendo pesquisadas variedades resistentes de plantas. Sabe-se também que variedades usadas fora de sua área de adaptação são mais susceptíveis ao ataque de fungos.
O clima tem muita importância porque a temperatura e o regime de chuvas podem dar condições ao desenvolvimento do fungo. Algumas culturas apresentam problemas em regiões mais úmidas. Outras, ainda, sofrem com temperaturas mais baixas do que aquela para a qual foram adaptadas.
Devido a dependência climática, de ano para ano a situação com relação a micotoxinas pode ser bem diferente numa mesma região produtora de grãos. Ataques de insetos e animais, por outro lado, são um veículo para contaminação de grãos e precisam ser controlados.
Durante a estocagem de grãos a regra mais geral a ser observada é manter os grãos secos. Se a umidade nos grãos é mantida suficientemente baixa, os fungos não se desenvolvem. Outros recursos podem ser usados, mas o custo é ainda mais elevado: baixas temperaturas, atmosfera modificada etc.
Processos para descontaminação vêm sendo pesquisados mas com pouco sucesso. Uma dificuldade adicional está na estabilidade térmica apresentada pela maioria das micotoxinas que sofrem pouca decomposição em temperaturas altas.
O tratamento de rações para gado com amônia tem oferecido uma solução parcial mas, exclusivamente para o caso das aflatoxinas. Mistura de lotes contaminados com não contaminados de maneira a atingir níveis mais baixos e melhor tolerados pelos animais é uma prática adotada em várias partes do mundo.
A presença das micotoxinas em alimentos é um assunto extremamente importante, que tem chamado atenção do mercado e feito o produtor se conscientizar sobre o problema. A ocorrência de micotoxinas está ligada a diversos fatores, como o clima (temperatura e umidade), controle de pragas e doenças, uma vez que estas atuam como porta de entrada para os fungos causadores de toxinas, além das condições de transporte, secagem e armazenamento.
A contaminação dos cereais pelas toxinas é um problema que não está associado unicamente ao sistema de armazenagem. O contágio pode ocorrer e ser influenciado em todas as etapas do processo, desde a produção na lavoura, condições de transporte e sistemas de estocagem.
A importância do bom manejo das culturas
Na fazenda, o produtor pode ser um forte aliado na redução dos riscos de contaminação, realizando um bom manejo das culturas, que vai desde o controle de pragas e doenças, colheita na hora certa – sempre que possível –, além de transporte, secagem e armazenagem adequados.
Assim, o produtor terá pela frente a missão de focar não apenas no desafio de produzir em quantidade para entender a demanda, mas, também adotar medidas que visem a produção de alta qualidade.
Hoje, as empresas de rações, por exemplo, estão se adaptando às normas impostas pelo governo federal quanto aos limites de micotoxinas em produtos destinados à alimentação animal, regra que vale também para alimentos humanos.
Também há a preocupação no controle da proliferação de fungos em grãos armazenados. Para isto, é necessário que a armazenagem seja precedida de cuidados durante os processos de colheita, limpeza e secagem dos grãos, além de posterior desinfecção de graneleiros, silos e equipamentos.
Pode-se utilizar como guia as seguintes recomendações:
- Realizar a colheita tão logo seja atingido o teor de umidade recomendado para tal;
- Manter limpos e desinfestados os equipamentos de colheita, os silos e graneleiros;
- Os equipamentos mecânicos de colheita devem estar regulados de forma a manter a limpeza e evitar danos aos grãos;
- Remover impurezas, grãos danificados, finos e materiais estranhos, pois estes podem se constituir como forma de proliferação de fungos.
- Proceder de forma correta as operações de pré-limpeza e limpeza;
- As operações de secagem devem garantir a redução do teor de umidade e a uniformidade destas, à níveis que impeçam o desenvolvimento de patógenos;
- Monitorar a temperatura;
- Aerar a massa de grãos, sempre que possível, com objetivo de uniformizar a temperatura;
- Evitar a proliferação de insetos e roedores, já que os danos causados por estes proporcionam ambiente para o desenvolvimento de fungos.
Desta forma, seguindo medidas simples, consegue-se evitar transtornos e perda de qualidade dos grãos produzidos.
Outra medida preventiva são as análises laboratoriais. O Laboratório FoodChain ID Análises possui o sistema mais moderno e sensível de detecção (screening) e quantificação de micotoxinas do mercado.