O cultivo da soja convencional vem perdendo espaço nas lavouras do Brasil. Mas, esse quadro pode mudar caso a União Europeia confirme seu crescente interesse pelos alimentos não transgênicos. Ou, melhor ainda, que a Alemanha decida transformar a suinocultura daquele país com animais alimentados com ração contendo farelo de soja convencional.
De acordo com o Instituto Soja Livre, os produtores precisam persistir nesse plantio. O presidente do instituto, Endrigo Dalcin, participou no início desse ano da 4° Conferência Internacional da Soja Não Transgênica, em Bremen na Alemanha, e ficou animado com as perspectivas para o mercado do grão convencional.
Segundo ele, os supermercados que já exigem que os criadores utilizem farelo de soja não transgênico para alimentar as aves, poedeiras e de corte, e as vacas leiteiras. Idealmente, devem estender essa exigência também para o caso dos suínos. E isso deve elevar a demanda pelo grão e aquecer o mercado.
É bom lembrar também o Brasil é o país com maior potencial no mundo para o cultivo e fornecimento de variedades de soja convencional, inclusive de alto rendimento e conteúdo de proteína, que atende o segmento exportador para países europeus e asiáticos.
Previsão de aumento na demanda de proteínas vegetais
Em abril deste ano, foi divulgado o Global Protein Ingredients, com várias Informações sobre mercado, fatias de mercado, tendências, análises e previsões de 2019 a 2025.
Segundo o Relatório, o mercado de ingredientes proteicos deve atingir US $ 48,77 bilhões até 2025. A crescente demanda por alimentos ricos em nutrientes, provocada principalmente pela conscientização da saúde entre os consumidores, impulsionará o mercado de plantas e laticínios, uma vez que estes ajudam a reduzir o risco de diabetes e doenças cardiovasculares.
Ingredientes de proteínas vegetais e lácteos foram aprovados para uso pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e aprovados como ingredientes essenciais pela União Europeia e outros países ao redor do mundo, incluindo Japão, Austrália e Canadá. Espera-se que a presença de regulamentações governamentais favoráveis em várias regiões impulsione a demanda por proteínas vegetais e lácteas durante o período estimado.
As proteínas de soja são empregadas principalmente em bebidas e ingredientes funcionais em vários alimentos, embutidos de carne por exemplo. A crescente demanda dessas áreas de aplicação, os avanços tecnológicos e as inovações de produtos são esperados como os principais impulsionadores para o mercado de ingredientes proteicos durante o período projetado.
Além disso, iniciativas como Sustentabilidade Internacional e Certificação de Carbono e Iniciativa para Soja Sustentável e Mesa Redonda sobre Soja Responsável resultaram no posicionamento proativo da soja como uma fonte de proteína sustentável.
Ainda segundo o relatório, as proteínas animais lideraram o mercado mundial de ingredientes proteicos, representando mais de 73% de participação de mercado em termos de receita em 2018.

Consumidor cada vez mais exigente
Uma recente pesquisa on-line da Nielsen Company descobriu que os consumidores estão cada vez mais dispostos a pagar mais por produtos socialmente responsáveis.
66% dos entrevistados dizem que estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços que vêm de empresas comprometidas com um impacto social e ambiental positivo, acima dos 55% em 2014 e 50% em 2013.
Para verificar como o compromisso social e ambiental interfere no comportamento do consumidor, a Nielsen entrevistou 30.000 consumidores em 60 países em todo o mundo e pediu que indicassem quais fatores influenciaram mais os hábitos de consumo de produtos como alimentos, bebidas, produtos de higiene pessoal e remédios.
Além da confiança da marca, os consumidores procuram produtos que sejam bons para eles e bons para a sociedade. Os benefícios de saúde e bem-estar de um produto influenciam a decisão de compra para mais da metade dos entrevistados da pesquisa (59%). Produtos feitos com ingredientes frescos, naturais e/ou orgânicos têm peso semelhante com os consumidores (57%).
Outras constatações da pesquisa da Nielsen:
Os consumidores da América Latina, Ásia, Oriente Médio e África estão entre 23% a 29% mais dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis do que os países desenvolvidos.
Quase três dos quatro entrevistados estão dispostos a pagar mais por ofertas sustentáveis, em comparação com cerca de metade em 2014.
As marcas que usam uma abordagem de sustentabilidade de mercado, incluindo alimentos para bebês (85%), café (78%), chá (61%) e lanches (60%), representam a maioria das vendas avaliadas nessas categorias, respectivamente. Portanto, tudo leva a crer que os setores do agronegócio, que acreditam e apostam na soja convencional sustentável podem esperar aumento na demanda no setor de alimentos.