Preocupação infundada de brasileiros com mercado de soja
Circularam notícias dizendo que o discurso de Jair Bolsonaro iria prejudicar relação comercial com a China. Mas isso o é improvável. Os números da USDA não mostram isso e continuam estáveis para vendas do Brasil à China. O porto de Paranaguá bateu recorde em fevereiro de exportações de soja em grão, com destino principal continuando a ser a China. Os produtores do Mato Grosso estão praticamente com sua produção de soja transgênica vendida.
China, a grande cliente
A China compra 60 milhões de toneladas de soja do Brasil. Os Estados Unidos vendiam 20 milhões de toneladas à China e deixaram de vender – estão estocados. Mesmo que a China volte a comprar tudo dos EUA ainda faltariam 60 MM. Além disso sabe-se que os agricultores americanos estão endividados, rolando dívida e não conseguem se tornar lucrativo, mesmo subsidiados pelo governo Trump.
Noticiou-se que a China voltou a comprar soja grão dos EUA. Comprou um navio ou seja, quase zero. Estão usando isso como marketing político, em termos comerciais não muda nada.
Não tem como ficar sem soja
Para substituir a soja americana, China fez tudo o que podia – comprou na Europa, na Ucrânia, na Rússia, empobreceu a ração do porco usando outros cereais. Mas chegaram no limite, não tem muito mais o que fazer. O mercado na realidade está esperando definição de preço. Não há nada que baseie uma preocupação real. Nesse cenário, a produção de frango continua crendo no mundo todo, precisa de soja, mas esse assunto falaremos em outro momento.
Mercado de farelo e não-OGM
As exportações brasileiras para a Europa são principalmente farelo, soja em grão sendo muito menores em volume. Com a soja transgênica americana mais barata, a Europa tem comprado para esmagar mas a capacidade está cheia, e ainda tem a soja produzida n própria Europa, que cresceu, teve problemas com seca, mas continua sendo produzida e é não-OGM. Ao longo dos anos recentes os o Brasil perdeu parte do mercado de farelo não-OGM, para essa produção europeia, e importações da Índia.
Todo cambia
O quadro volta a apresentar oportunidades para os produtores e esmagadores brasileiros especialmente com a certificação Não-OGM e ProTerra, de sustentabilidade. Isso por que a produção europeia não poderá crescer muito mais e as exportações da Índia tendem a diminuir por crescimento de seu mercado interno de frango, e exportações ao Irã, de cujo embargo a Índia não faz parte. Para isso, contudo, há necessidade de uma esforço de comunicação maior por parte dos brasileiros. Outro dado interessante é que pela primeira vez se tem uma produção de soja não-OGM em volumes substanciais na Argentina.