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Demanda por alimentos não transgênicos é crescente no mundo

Não é de hoje que diversos países têm sinalizado maior rejeição por produtos com Organismos Geneticamente Modificados (OGM), também conhecidos como transgênicos. Em outubro de 2015, 19 dos 28 países da União Europeia decidiram banir o cultivo de alimentos geneticamente modificados. Entre eles, potências como Alemanha, França e Itália, além de parte do Reino Unido.

A rejeição de consumidores a grãos geneticamente modificados também é cada vez mais difundida e já começou a reduzir a demanda por óleo de soja transgênica na China. Uma pesquisa da Nielsen realizada em 2016, revelava que 70% dos consumidores chineses limitaram ou evitaram comidas ou ingredientes geneticamente modificados, número ainda maior que a média global, que é de 64%.

Desde que os transgênicos chegaram ao campo e às mesas, tem havido uma controvérsia mundial no assunto. De um lado a indústria de biotecnologia e algumas empresas comercializadoras e produtoras agrícolas de grande escala. Do outro os ambientalistas, ONGs e grupos de consumidores, que pedem o princípio da precaução uma vez que os efeitos de longo prazo dos transgênicos são desconhecidos. Os de curto prazo conhecidos são o aumento de uso de agrotóxicos, com efeitos negativos no meio-ambiente, biodiversidade e saúde de pessoas.

Contudo, o quadro não é preto no branco, tendo aspectos contraditórios e geopolíticos. A agricultura industrial produz não-transgênicos quando há apelo comercial. Os que querem se diferenciar no mercado, pequenos e grandes, produzem Não-OGMs. Países proibiram plantio e, em alguns casos, até importação de GMOs, por motivos políticos e econômicos, especialmente para não ficar refém de um monopólio tecnológico em um setor básico como sementes e consequente produção de ração e alimentos.

Cresce número de produtores de alimentos não-transgênicos

No meio de discussão e incertezas, cresce o número de produtores e consumidores de alimentos não transgênicos. Em 2014, de acordo com uma pesquisa realizada pela Nutrition Business Journals e New Hope Natural Media, as vendas de produtos que não contêm organismos geneticamente modificados – seja verificado pelo projeto Non-GMO ou pelo certified organic – cresceram 80% em 2013. (Fonte:ww.organicsnet.com.br)

Para se ter uma ideia desse crescimento, em 2018, durante uma a edição da Naturaltech e da Bio Brazil Fair, as maiores feiras de alimentos orgânicos e naturais da América Latina, foram lançados cerca de 1.500 produtos de 500 marcas diferentes, entre eles: alimentos orgânicos, veganos e vegetarianos, suplementos naturais, cosméticos, produtos de limpeza e higiene, fitoterápicos, roupas e acessórios.

De acordo com a organização do evento, só no setor de alimentos, especificamente os orgânicos, movimenta anualmente mais de R$ 3 bilhões, com crescimento médio anual de 20% e está entre os setores que mais crescem no Brasil. (Fonte: https://emais.estadao.com.br/)

Ainda de acordo com o estudo feito pela Nielsen, em 2016, com mais de 30 mil consumidores brasileiros aponta que 89% dos entrevistados estão dispostos até a pagar mais por produtos sustentáveis ou naturais. Isso significa que as pessoas estão mais atentas e preocupadas em manter uma alimentação mais saudável e sem riscos à saúde.

Embora muitos países estejam diminuindo o consumo de agrotóxicos nas plantações e a produção de alimentos transgênicos, a maioria dos produtores brasileiros ainda está na contramão dessa tendência de aumentar a qualidade de vida e a saúde da população.

Segundo dados divulgados pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAA), o Brasil cultivou 44,2 milhões de hectares (mi/ha) com cultura transgênica, em 2015, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Além do Brasil, o único país que também apresentou crescimento na produção transgênica foi a Argentina, com 24,5 milhões de hectares.

No ranking mundial, ainda estão Índia (11,6 mi/ha – algodão, milho), Canadá (11 mi/ha) e China (3,7 mi/ha). Os Estados Unidos ainda é o maior produtor de transgênicos no mundo (70,9 milhões de hectares), que pela primeira vez, reduziu a sua área de plantio em 2,2 milhões de hectares.

O ISAA estima que foram plantados 179,7 milhões de hectares por 28 países em todo o mundo, e oito dos dez maiores países produtores de culturas transgênicas reduziram a sua área de plantio ou a mantiveram inalterada. (Fonte: https://organicsnewsbrasil.com.br/)

O Brasil é o segundo maior produtor de transgênicos no mundo (milho, soja, algodão), perdendo apenas para os Estados Unidos (milho, soja, algodão, canola, batata, tomate, mamão, etc).

Outra questão levantada é o aumento na utilização de agrotóxicos. Dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostraram que a produção de transgênicos entre 1996 e 2004 aumentou o uso de agrotóxicos em mais de 45 milhões de quilos. Fonte: https://www.bluemacawflora.com.br/)

Demanda por alimentos não transgênico é crescente no mundo

Tendências

Percebe-se que a busca por uma vida saudável nunca esteve tão em alta. No começo deste ano (2019), o instituto de pesquisa internacional Euromonitor elencou, entre as tendências em alimentação, os alimentos livres de glúten e lactose, orgânicos, fortificados, funcionais, probióticos e energéticos.

O instituto apontou também, entre outras tendências para 2019, o consumo consciente, o veganismo e o bem-estar animal para além das indústrias de alimentos, cosméticos e moda.

Ainda de acordo com pesquisa da Euromonitor, o segmento de produtos saudáveis – onde se enquadra todo alimento ou bebida com ingredientes livres de glúten e lactose, com redução ou supressão de componentes não saudáveis e que possuem características benéficas e certificação orgânica – movimentou R$ 92,5 milhões no Brasil em 2017, um incremento de 9,5% sobre 2012. E a expectativa é que o faturamento continue crescendo em pelo menos 3% até 2022. (Fonte: http://www.feirafrancal.com.br/)

A certificação de Não-Transgênicos não objetiva convencer o consumidor a consumir produtos convencionais e saudáveis. O objetivo é informar, para que o consumidor possa escolher o que quer e fazer escolhas informadas.

O consumidor é que ditará o rumo de toda a cadeia de alimento, cabe aos produtores, processadores e indústrias estarem atentos ao rumo que o mercado está tomando e aproveitar as novas oportunidades que estão surgindo.

Concluindo, para atender à crescente demanda por alimentos saudáveis, tanto no Brasil quanto no exterior, muita coisa deverá mudar daqui pra frente, como sempre tem acontecido. Se esperam mudanças que conduzam ao melhor.

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