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Mercado internacional na área de commodities – Guerra comercial EUA x China e consequências para o agronegócio

Todos sabem que Estados Unidos e China são os dois maiores gigantes da economia mundial e que a relação entre eles anda pouco saudável. Vejamos o que a disputa entre eles afeta de muitas maneiras outros mercados, o agronegócio no Brasil entre eles.

Pode ser que seu negócio acabe cruzando a trajetória dessa disputa e talvez isso signifique uma boa oportunidade. Você está preparado para ganhar território e permanecer nele?

Especulações sobre as altas e baixas das bolsas à parte, produtos como a soja, por exemplo, que já é nosso carro-chefe nas exportações para a China, tem possibilidade de ganhar espaço, diante das sobretaxas impostas pelos EUA aos produtos chineses.

Não tem sido fácil seguir a velocidade das mudanças geopolíticas nesse mundo globalizado em qualquer atividade e não é diferente para o agronegócio brasileiro. Ainda mais com Donald Trump polemizando pelo Twitter. Então, vamos relembrar um pouquinho como vem se desenrolando essa situação que Pequim definiu como “a maior guerra comercial da história econômica”.

Mercado internacional na área de commodities – Guerra comercial EUA x China e consequências para o agronegócio

EUA e China em rota de colisão comercial

No início de julho (2018) o presidente dos EUA, Donald Trump, cumpriu a promessa de sobretaxar a entrada de produtos chineses naquele país. O que não foi exatamente uma surpresa considerando o slogan de sua campanha, repetido à exaustão, “America first”.

Uma taxação de 25% atingiu principalmente produtos da base tecnológica. Segundo Trump, a alta tarifa nessa área seria uma forma de compensação pelo que teria sido “roubado” em tecnologia e propriedade intelectual pela China.

A retaliação contra os importados chineses não ficou apenas nos produtos de base tecnológica. Outros segmentos, embora com tarifas menores, também foram afetados na sequência.

Para agitar ainda mais o cenário comercial internacional, produtos da União Europeia, Canadá e México também receberam suas cotas de sobretaxa, seguindo o raciocínio da proposta de campanha de colocar a América em primeiro lugar.

Contudo, no comércio em escala mundial nada é assim tão simples. Como toda ação gera uma reação, os países atingidos foram a OMC (Organização Mundial do Comércio) contra as sobretaxas de Trump.

O gigante da Ásia, também não ficaria quieto e anunciou suas próprias medidas em resposta às sobretaxas. Medidas que contribuíram para agitar especialmente as notícias do agronegócio. Os Estados Unidos podem estar jogando xadrez, e os chineses o jogo de estratégia do Go.

Na ‘contrapartida’ retaliatória dos chineses para os Estados Unidos estão commodities como soja e carne. Produtos que se destacam quando o assunto é o agronegócio no Brasil.

A China resolveu taxar a soja norte-americana em 20% em relação ao mercado. Os chineses se voltaram ao outro grande fornecedor – Brasil, gerando uma perspectiva de aumento do preço da soja brasileira com relação aos preços de Chicago. Como isso se deu muito próximo ao fim da safra, gerou-se instabilidade e hoje não se define ainda o preço em termos práticos.

Trump pode estar jogando para a plateia e sempre há a chance de os dois países retomarem negociações em nome da saúde financeira. Afinal, como manter o “América First” com uma projeção de déficit fiscal superior a US$ 1 trilhão já para 2020? Mas projeções são isso mesmo, projeções. E para confirmá-las, ou não, resta apenas aguardar.

guerra comercial china x eua

Reflexos da disputa para o agronegócio brasileiro

O fato hoje, no entanto, é que a China é o principal parceiro comercial do Brasil. Dentro do clássico padrão brasileiro: exportamos commodities e importamos produtos manufaturados.

Se por um lado, o país pode ser favorecido no curto prazo com a exportação de soja, por outro lado, o que pode ocorrer, ao longo do tempo, é uma incógnita, com a sobretaxa americana sobre o aço. Dessa forma, querendo ou não, o Brasil é um jogador nesse tabuleiro comercial e é vital jogar com arrojo, sem deixar de lado o bom senso.

Negociações pararam

Aumentou o preço da soja brasileira, mas os negócios novos pararam a partir de agosto/setembro.  Quem tinha contrato fechado está recebendo soja ou derivados com os preços anteriormente acordados. Ainda não se está fechando nenhuma negociação nova – normalmente boa parte da próxima safra já estaria comercializada nessa época do ano. A soja já está com tendência de alta sobre o que se previa chegar na Europa na próxima safra.

O produtor agrícola, que já recebe preço mais alto que o da bolsa de Chicago, está esperando que a questão da China EUA tenha um termo. Os estoques dos compradores estão baixando, e a China ainda não sinalizou objetivamente que quer aumentar o volume da soja importada do Brasil, ou que vão praticar esses preços mais altos no dia-a-dia, para não inflacionar o preço da soja. Porém, não terão opção, terão que comprar mais do Brasil e Argentina, enquanto esses problemas com os Estados Unidos durarem.

Tendências

mercado internacional de commodities guerra comercial eua x china

Com a soja mais cara, esmagar soja para exportar farelo estria no momento com resultados negativos, e não valeria a pena em 2019 se a situação persistir. Mas isso é uma visão baseada simplesmente no quadro atual que pode ser contestada, com uma resolução provável quando a safra nova brasileira entrar a partir de janeiro e fevereiro.

Há quem fale que será mais barato importar soja americana, esmagar no Brasil, e exportar. Outros acham que isso não é uma tendência de mercado, se acontecer será pontual. Resumindo: 20% de sobretaxa da soja americana na China, criando 20% de aumento pra soja brasileira, não funciona porque a soja brasileira já está mais cara e os preços não vão fechar. O teor de proteína da soja do Brasil ninguém tem, nem Estados Unidos, Argentina ou Ucrânia, mas isso não justificaria os aumentos que foram sinalizados. Cabe dizer que a China já começou a comprar soja em outros países produtores, especialmente Ucrânia e Índia.

O gráfico abaixo mostra o estoque de passagem de um ano para outro, que sinaliza para analistas de mercado que os Estados Unidos estão amentando o estoque de passagem, ou seja, vendendo menos da quantidade produzida. O Brasil está vendendo mais, aos poucos reduzindo o estoque, e a Argentina tecnicamente estável.

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Outros fatores

A situação também se complicou com o quadro eleitoral brasileiro, que gerou incerteza para fazer qualquer previsão para 2019. O prognóstico é que passadas as eleições, vamos nos aproximar institucionalmente dos chineses para falar de volumes que eles precisam, para substituir o volume que importavam dos Estados Unidos, e acordar com compradores, exportadores e produtores, para que preços altos demais não inviabilizem o mercado.

Para os compradores europeus a situação está causando incerteza, sobre quanto tempo vai durar a guerra comercial e qual será o preço de mercado, com preços mais caros no Brasil e Argentina, ou não.

Mercado chinês

A China caminha a passos largos para um 1,5 bi de habitantes e é redundância falar do poder consumidor de um país com essa magnitude populacional. O país consome muito de tudo. E países diretamente afetados pelas sobretaxas americanas, como é o caso do Canadá, tem chance de buscar equilíbrio para sua balança comercial por meio da exportação de commodities para esse mercado.

Com isso, são diversos os produtos que ganham relevância alterando rapidamente o cenário para o bem de alguns e dificuldade de outros. O Brasil tem na soja seu principal produto de exportação para a China, que comprou cerca de 80% da produção exportada na última safra.

A entressafra, que tem início em outubro, pode ser a brecha para os canadenses reforçarem as exportações de canola para a China, uma vez que essa oleaginosa também é usada na produção de ração.

O algodão é outra commodity para a qual a China busca alternativa em sua batalha para reduzir as importações dos EUA. Produtores como Brasil, Austrália e Índia já são beneficiados.

Quando a assunto é carne bovina, no entanto, a disputa ganha contornos mais complexos. A produção dos EUA tem um alto conceito no mercado chinês. O que já não ocorre com o produto brasileiro. Nesse segmento, os australianos podem ser os beneficiados.

Mas o mercado de commodities é suscetível às mudanças, por influência dos mais diversos fatores, como essa mesma situação expõe.

E uma das transformações em curso é a busca dos consumidores por produtos de qualidade, que atendam suas preocupações com a segurança dos alimentos que consomem e que estejam alinhados com suas convicções sobre a sustentabilidade do planeta.

Tudo indica que essa postura tende a se consolidar e crescer. No fim das contas é esse consumidor que os produtores não devem perder de vista ao planejar o futuro.

Qualidade garantida é diferencial para conquistar e manter mercado

Guerras fiscais e os movimentos dos grandes players do mercado mundial não são possíveis de prever, mas cuidar da qualidade do que disponibiliza ao consumidor é tarefa de quem produz e comercializa.

E agregar elementos que elevem a confiança em seu produto, como certificações e análises que revelem a transparência na cadeia de produção, é, sem dúvida, um caminho seguro para conquistar e manter seu espaço no mercado.

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