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O Brasil e a febre suína africana na China

A China produz e consome cerca de metade da carne suína mundial e vive, desde agosto de 2018, uma terrível epidemia de peste suína africana, que já dizimou 17% do seu plantel de quase 700 milhões de cabeças, chegando a 20% no abate de matrizes.

Já segundo a Rabobank, multinacional holandesa e líder global em serviços de financiamento para alimentação, agro financiamento e sustentabilidade orientada, até 200 milhões de porcos podem ser abatidos ou mortos por infecção à medida que a peste suína africana se espalha pela China.

O vírus é inofensivo para os seres humanos, mas mortal para os porcos – e, até agora, não há cura ou vacina. Originados na África, surtos foram registrados na Europa Central, Oriental e na Rússia antes de aparecer pela primeira vez na China em agosto passado. Está atacando o javalis e porcos selvagens europeus, o que aumenta o perigo de contaminação.

Desde então, espalhou-se para outros países asiáticos, incluindo o Vietnã e o Camboja. E, mais de 124 surtos já foram reportados desde agosto do ano passado. Além disso atingiu rebanhos na Europa central e do leste, e javalis e porcos selvagens, o que aumenta o risco de transmissão da doença.

Impacto da crise no mundo

No último mês de março, de acordo com notícias divulgadas pela CNN, o governo chinês disse que tinha um “bom controle” da epidemia. Em uma coletiva de imprensa no mês passado, Pequim disse que a febre suína africana não estava se espalhando tão rapidamente quanto antes.

No entanto, há inúmeros questionamentos de que isso se deve a uma relutância crescente em relatar casos em vez de controles efetivos da doença.

O problema é grave principalmente devido ao grande trânsito de animais dentro da China e com o Sudeste Asiático. E fica ainda mais sério quando se sabe que um quinto da produção doméstica tem origem nas pequenas produções de “fundo de quintal”, com alta exposição ao vírus e controle sanitário precário.

A epidemia pode ter um impacto econômico mais amplo: já que a China é o maior consumidor de carne suína do mundo, alimento básico para a grande maioria de seus 1,4 bilhão de pessoas.

De acordo com as previsões do governo, o preço da carne suína pode subir para níveis recordes no segundo semestre de 2019, uma vez que a demanda supera a oferta.

Analistas também afirmam que não há carne de porco suficiente no mundo para cobrir o déficit esperado da China e que os consumidores, provavelmente, devem recorrer a outras carnes como um substituto.

Mas a doença também representa uma séria ameaça à indústria agrícola do país e às indústrias de apoio, como a alimentação animal.

A previsão dos especialistas é que os preços da carne suína na China devem subir 70 por cento no segundo semestre do ano.

A produção de carne suína da China caiu 5 por cento nos primeiros três meses de 2019 e quedas muito maiores são esperadas nos próximos trimestres.

O Brasil e a febre suína africana na China

E no Brasil?

O principal impacto negativo da peste suína na China se dará sobre as exportações de soja, produto que lidera a pauta exportadora brasileira e componente essencial da ração de suínos e aves em propriedades tecnicamente capacitadas.

Estima-se uma queda de 5 milhões a 10 milhões de toneladas no nosso volume previsto de exportações para a China em 2019/20 (cerca de 10% da previsão inicial), um cenário que pode se agravar ainda mais no ano que vem.

O consumo de farelo de soja baixou na Europa, por causa da febre suína, e também por conta de regulamentação que reduz o número de animais por área, e exige que os frangos vivam mais tempo antes do abate. Isso impactou todo o mercado mundial de soja que estrou em baixa, devendo voltar a níveis normais em 1 ou 2 anos.

E, outra possibilidade a ser considerada é que, caso a China decida se abrir mais para a importação de carnes, que atualmente respondem por menos de 5% do seu consumo, o Brasil consiga ampliar suas exportações de carne suína.

No entanto, ao contrário de commodities agrícolas como soja, algodão e celulose — para as quais o mercado encontra-se aberto para Brasil —, nas proteínas animais o acesso se dá por meio de um processo pouco transparente de habilitação de plantas industriais, caso a caso.

E, apenas 62 unidades brasileiras estão hoje autorizadas a exportar para a China, um número extremamente reduzido, sendo que só três estão autorizadas a exportar carne suína. Portanto, acredita-se que, no curto prazo, quem realmente ganhará mercado são frango e carne bovina, substitutos do suíno.

A expectativa é de que os embarques de carne de frango do Brasil, maior exportador global da proteína, atinjam novos recordes em 2019, podendo crescer mais de 10%.

E também não podemos esquecer de um importante detalhe, que é o relevante status sanitário brasileiro. O Brasil escapou ileso das duas principais epidemias do mundo atual: gripe aviária e peste suína.

Será que os produtores brasileiros conseguirão ampliar seus horizontes comerciais?

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